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Como falhar bem.
Culturas do fracasso, O lado bom do não saber, O jeito estóico de falhar.
Hoje na nossa newsletter: Culturas do fracasso, O lado bom do não saber, O jeito estóico de falhar.
Muitas vezes acabamos deixando de tentar coisas novas e mudar aspectos de nossas vidas por medo de falhar. Por isso, nesta semana, trazemos para vocês insights sobre as diferentes formas de falhas, como falhar bem e como podemos nos preparar para fracassar de forma inteligente, construindo uma vida sob medida.
Nossos destaques da semana: Descobrimos os trabalhos de Amy C. Edmondson no Podcast Armchair Expert. Nesse episódio, o que achamos mais interessante (além da incrível transição dela da engenharia à pesquisa sobre segurança psicológica no local de trabalho) foram suas descobertas sobre as maneiras certas e erradas de falhar ou fracassar. Ficamos nos questionando: nossas decisões de quais cursos fazer, de quais carreiras seguir e até de que parceiros escolher partiram do medo de falhar ou da vontade de acertar? Outro highlight foi reler o livro Qual é a tua obra, do filósofo Mario Sergio Cortella, que sempre ajuda a colocar as ideias no lugar sobre o que realmente deveria importar no mundo corporativo (e em nossas vidas).
Bora dar o fora no medo de falhar?
Dando o fora em…
3…
Culturas do fracasso.
Costumamos pensar no fracasso como o oposto do sucesso, muitas vezes divididos entre duas "culturas do fracasso": uma que diz para evitar falhas a todo custo, a outra que diz para falhar rapidamente e com frequência (mentalidade Silicon Valley). O problema é que nenhuma delas nos ajuda a separar a falha boa da ruim. Assim, perdemos a oportunidade de falhar bem.
Depois de trabalhar com empresas por mais de 20 anos, Amy Edmondson explica neste artigo da Harvard Business Review que, na vida, falhar nem sempre é ruim: às vezes é ruim, às vezes é inevitável e às vezes é até bom. Mas aprender com nossas falhas não é nada simples.
Nem toda falha é um erro.
"Falha é um resultado que se desvia dos resultados esperados e desejados." Amy afirma que falha e erro não são sinônimos, pois erros são desvios não intencionais de padrões pré-especificados como regras, procedimentos e políticas. Algumas falhas são devidas a erros, outras não.
De acordo com Amy, os três tipos essenciais de falhas:
Falhas evitáveis ( = erros). Quando sabemos como fazer a coisa certa, mas, por algum motivo, desviamos de um processo conhecido. Por exemplo, quando o bolo não dá certo porque você esqueceu de adicionar os ovos.
Falhas complexas ( = acidentes). Um conjunto de fatores se junta de uma maneira nova, apesar dos contextos razoavelmente familiares. Por exemplo, quando o bolo não dá certo porque o forno estava desregulado e ninguém percebeu.
Falhas inteligentes ( = descobertas). Uma falha causada por um teste mal sucedido. Resultados indesejados de explorações bem pensadas em um novo território. Quando você está tentando criar uma nova receita de bolo e o bolo fica seco demais ou não cresce como o desejado.
Se você puder procurar a resposta, encontrar a receita, encontrar o plano, não há necessidade de experimentar. Falhas inteligentes acontecem em um novo território, quando estamos em busca de uma meta que seja consistente com nossos valores, quando temos uma hipótese bem informada e, o que é importante, quando reduzimos os riscos dessas experiências.
Eu cheguei onde cheguei porque tudo que planejei deu errado…
Qual a estratégia para falhar bem?
Para que se possa realmente aprender com a falha, Amy explica que precisamos ultrapassar a cultura da culpa e criar um espaço de trabalho (e de vida) no qual as recompensas de aprender com as falhas possam ser plenamente percebidas, no qual as pessoas se sintam psicologicamente seguras para assumir riscos inteligentes e prevenir danos evitáveis.
Só uma empresa (ou pessoa) que detecta, corrige e aprende com a falha pode realmente concretizar seu potencial. Aqueles que se afundam na cultura do medo, da culpa e da evitação não o farão.
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O lado bom de não saber
Em seu livro Qual é a tua obra, Cortella traz algumas reflexões que corroboram as descobertas de Amy Edmondson. No capítulo “O lado bom de não saber”, Cortella afirma que quando você finge que sabe, impede um planejamento adequado e uma ação coletiva eficaz. Por isso, para ele, falar “não sei” é um sinal de absoluta inteligência. Precisamos entender que só quem arrisca erra (ou falha), e que erro é para ser corrigido e não para ser punido. Como diria o famoso tio do pavê “Quem não arrisca, não petisca”.
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O jeito estóico de falhar.
Talvez um bom exercício para aprender a lidar com e se preparar para falhas venha do estoicismo. O estoicismo ensina que podemos encarar todo fracasso como uma oportunidade. Os estóicos passavam muito tempo praticando a "visualização negativa" - meditando sobre o que poderia dar errado, qual seria o pior cenário possível, e o que estaria fora de seu controle.
Algumas pesquisas com estudantes mostraram que praticar uma simulação mental como essa dos estóicos - visualizando o início, os obstáculos e o resultado final - pode diminuir a ansiedade, melhorar a habilidade de fazer planejamentos e aumentar a probabilidade de atingir sua meta.
Nada que acontece ao homem sábio vai contra as suas expectativas.
Quando evitamos o que podemos evitar (falhas básicas), antecipamos o que pode dar errado (falhas complexas) e nos abrimos ao fracasso inteligente, ressignificamos o ato de falhar e transformamos fracassos (erros e falhas) em um verdadeiro motor de mudança.
Dando o fora:
3 perguntas sobre as quais estamos refletindo nesta semana:
Com que frequência deveríamos estar tentando coisas novas para ir além dos nossos limites, descobrir novas possibilidades e novos aprendizados? Será que estamos fazendo isso com frequência suficiente?
Como estamos evitando as falhas básicas, mitigando as falhas complexas e promovendo as falhas inteligentes em nossas vidas?
O que estamos planejando fazer nos próximos dias ou meses? O que poderia dar errado? Como podemos nos preparar usando o conceito estóico de visualização negativa?
Comentários dos nossos leitores
Ficamos muito felizes com a repercussão da primeira newsletter na semana passada. Não só porque nossos leitores acharam o conteúdo útil, mas também porque muitos de vocês responderam e compartilharam outras fontes sobre os temas abordados. Esta nova seção traz toda semana os principais pontos que vocês levantaram sobre a newsletter anterior.
Sobre expectativas e felicidade
Adoramos a reflexão que ter expectativa seja importante para uma vida saudável. Pelo o que entendemos dos estudos sobre felicidade, as expectativas fazem parte de uma vida saudável e são ótimos motores de mudança. Mas é preciso saber como equilibrar e reajustar as expectativas de acordo com a realidade. Nosso cérebro é uma máquina de previsão, mas na maioria das vezes não conseguimos prever tudo o que pode acontecer no caminho. Quando nossas expectativas ultrapassam em muito a realidade, acabamos, inevitavelmente, frustrados. Quando isto acontece, entra a fórmula da felicidade: é necessário pausar, processar, planejar (uma nova expectativa) e prosseguir. Aceitar o que é, ao invés de focar no que não é. É como um problema de optimização, a gente planeja e se não der certo a gente ajusta os parâmetros e tenta de novo!
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