Dando o Fora na Dependência Digital (Parte 1)

Um Dando o Fora em 3 Partes; Desconectar para Re-conectar; Geração Z e a dependência digital; 5 dicas práticas para reduzir nossa dependência digital.

Um Dando o Fora em 3 Partes; Desconectar para Re-conectar; Geração Z e a dependência digital; 5 dicas práticas para reduzir nossa dependência digital.

Sincronicidade. É o termo que Carl Jung usa para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Essa semana, tudo o que lemos ou escutamos tinha um único tópico em comum: nossa relação com a tecnologia e como passamos nosso tempo. Afinal, o modo como passamos nossos dias é o modo como vivemos nossa vida. 

Após um inverno que pareceu durar mil meses, a primavera parisiense finalmente deu um breve oi essa semana. Aproveitamos para levar Arthur ao parque, mas ao chegar lá eu (Thaís) fiquei sem celular, pois a bateria tinha acabado de morrer. Forçada a explorar o parque sem celular, no início me senti incomodada, insegura. E se eu precisasse entrar em contato com o Vini? E se algo acontecesse? Vício é uma palavra muito forte, mas esse incômodo sem o celular me mostrou que talvez estivesse dependendo demais dele.

Decidi relaxar. Aproveitar aquele momento com meu filho. Brincamos de “o chão é lava”, exploramos lugares desconhecidos, procuramos sapos e flores; enfim, nos divertimos muito. Enquanto Arthur brincava em seu terceiro playground, percebi todos os pais, mães e educadores ao meu redor, olhares fixos em seus celulares. Acredito que todos estivessem procurando um momento de paz, uma pausa, uma fuga da vida frenética que levamos hoje, mas naquele momento me perguntei: essa é realmente a melhor forma de passarmos esse tempo, o primeiro dia de sol pós inverno, a infância dos nossos filhos, um momento perto da natureza (mesmo que urbana)? Será que o smartphone é o melhor refúgio para escapar do mundo caótico em que vivemos? Ou será que vivemos num mundo caótico, em parte, por causa dos smartphones e todos os custos associados à tecnologia de uso pessoal?

Que fique claro, não estou julgando ninguém. Sei que aquele momento é só uma fotografia da vida de cada um. Mas após ler livro após livro, artigo após artigo, e ouvir podcast após podcast esta semana sobre os impactos nocivos da tecnologia em nossas vidas, é impossível não refletir sobre como estou usando o curto tempo que tenho neste planeta. 

Por que me senti tão insegura quando percebi que teria que sair sem celular? Não era o que fazíamos há dez anos? Não foi assim que passei minha juventude? Por que em um momento de tédio, como na fila do mercado, meu primeiro impulso é tirar o celular do bolso?

Quando saímos do parquinho, me sentindo re-conectada com a natureza, com meu filho, e comigo mesma, decidi que preciso de mais momentos assim. Preciso encontrar momentos e pequenos rituais no meu dia que me ajudem a estar mais presente e criar mais conexões que vão além da vida digital. Que me re-conectem à vida real.

Bora dar o fora na dependência digital?

Dando o fora em…

3…

Um Dando o Fora em 3 Partes

Nesta Páscoa, nós começamos de verdade a dar o fora na nossa própria dependência digital, começando por um feriadão de quase-completo detox digital. E isso inclui o Dando o Fora. 

Como não podemos deixar vocês na mão (lembra que fizemos uma promessa de publicar toda segunda-feira?), resolvemos dividir este Dando o Fora em 3 partes:

Esta primeira parte vai ser um Dando O Fora curtinho, só apresentando o tema das duas semanas seguintes, para que o Vini e eu consigamos aproveitar momentos de conexão em família, sem a cobrança velada do computador sobre a mesa. O Dando o Fora é sobre viver plenamente e a vida plena está bem aí, ao seu lado, logo atrás da tela. Não seria coerente escrever sobre desconectar da tecnologia enquanto plugado no computador em pleno feriadão.

Semana que vem, vamos falar sobre como dar o fora na dependência digital enquanto adultos, equilibrando as demandas da vida pessoal e profissional para viver o que o pesquisador Cal Newport chama de "Vida Profunda" e trazer à tona o melhor de nós mesmos e da nossa produtividade criativa.

Na terceira parte, vamos falar sobre como dar o fora na crescente e alarmante dependência digital entre crianças e adolescentes.

Como se preparar?

Dar o fora na dependência digital não é fácil. Requer coragem para sair da zona de conforto de uma sociedade e empresas bilionárias que nos querem constantemente conectados nas mídias sociais, um mundo virtual onde temos a impressão (mas só a impressão) de viver em comunidade.

Até mesmo abordar o assunto requer preparação, sensibilidade e, acima de tudo, dados concretos.

Para aqueles que querem se preparar para as próximas partes do Dando o Fora na Dependência Digital, deixamos nas próximas duas sessões os conteúdos que estamos estudando no momento sobre o assunto.

“Por que eu precisaria de um detox digital? Eu não sou viciado.”
Fonte: https://iristech.co/digital-detox/

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Dicas de leitura: Desconectar para Re-conectar

Sem tempo de ler? Sugerimos estes dois episódios de podcast com o Cal Newport. (ambos em inglês): 

Lessons for Living (Phil Stutz) - sem tradução para o português

DandoOFora.com

A solução para os problemas mais incômodos da humanidade não será encontrada na renúncia da civilização técnica, mas na obtenção de certo grau da independência dela.

Abrahan Joshua Heschel

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Dicas de leitura: Geração Z e a dependência digital

The Atlantic: "End the phone-based childhood now" (Jonathan Haidt) - Em inglês | Requer assinatura.

The New Yorker: Coming of Age at the Dawn of the Social Internet (Kyle Chayka) - Em inglês | Requer assinatura.

“Tá bom… talvez eu seja…”
Fonte: https://iristech.co/digital-detox/

Dando o fora na Dependência digital:

5 ações práticas que tomamos para reduzir nossa dependência digital.

Apesar de estarmos há muito tempo diminuindo nosso tempo de tela e nossa presença na mídia social (sem contar o Dando o Fora!), foi somente nos últimos dias que decidimos realmente dar o fora na nossa dependência digital. Percebemos que perdíamos momentos preciosos com nosso filho, ou como parceiros, por estarmos absortos em nossos smartphones. Algo tinha que mudar. Ou melhor, alguém. E esse alguém éramos nós, Thaís e Vini. 

Abaixo listamos 5 ações práticas que fizemos para tentar começar a reduzir nossa dependência digital:

  • Desligue as notificações. Não precisa desligar TODAS as notificações como fez o Vini em seu smartphone e smartwatch. Comece com as notificações ligadas ao trabalho. Se você não respeitar seu próprio tempo, ninguém o fará.

  • Comunique claramente sua nova política de comunicação. Thaís e Vini combinaram entre eles de ligar (ao invés de mandar mensagem escrita ou áudio de Whatsapp) para falar de qualquer assunto que requeira resposta imediata. Pós Páscoa, pretendemos comunicar nossa "nova política" às nossas famílias, amigos e contatos profissionais.

  • Lugar de smartphone em casa é na gaveta. Identifique um lugar fora de vista e de alcance (uma gaveta ou prateleira, de preferência longe dos espaços de convivência) e comece a deixar seu smartphone neste cantinho toda vez que chegar em casa, ou pelo menos nos momentos "família". Na nossa casa, esse cantinho é no balcão da cozinha, junto ao hub de carregadores. Os smartphones além de ficarem fora de alcance, ficam carregando para o dia seguinte. Vitória dupla. 

  • Delete os aplicativos de mídias sociais do seu smartphone. Apesar de quase não utilizar a maior parte das mídias sociais nas quais tem conta, Vini ainda se pegava conectando ao LinkedIn ou Instagram em seu smartphone, muitas vezes sem nenhum objetivo preciso. Ao deletar os aplicativos, ele agora precisa acessar as mídias sociais através do laptop, o que ele só faz quando tem uma razão muito concreta e estimulante (como postar o Dando o Fora!)

  • Use bem seu tempo extra. Você se sentirá mais confiante para continuar reduzindo sua dependência digital se conseguir investir o tempo extra ganho (ou não perdido) em atividades energizantes. Cada minuto que não estamos no instagram ou vendo e-mails, re-investimos dando atenção plena ao Arthur, lendo, escrevendo, meditando, fazendo Yoga, ou conversando com amigos por telefone (marcamos tantas reuniões o tempo todo - por que não marcar conversas com familiares e amigos?!), ao invés do eterno vai e vem das mensagens de Whatsapp. Independência digital não significa tornar-se anti-social. Pelo contrário, significa priorizar e nutrir os relacionamentos reais.

Vai dar certo? 

Quem viver, verá. Provavelmente será um processo de muitas adaptações, como tudo na vida. Mas Vini jura que alguns dias sem notificações de email e whatsapps já fizeram o experimento valer a pena.

“Há um mundo inteiro lá fora… quando você deletar suas redes sociais.”

Vem dar o fora no Instagram e no Whatsapp!

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