Nosso passado não nos define.

Preconceito curricular; habilidades transferíveis para mudar de vida; Em busca dos seus valores essenciais.

Hoje na nossa newsletter: Preconceito curricular; habilidades transferíveis para mudar de vida; Em busca dos seus valores essenciais.

Às vésperas de dar adeus às nossas férias em Porto de Galinhas, conhecemos a Biofábrica de Corais, primeiro e ainda único projeto de restauração de corais em todo o Brasil. Com um pouco de sorte e muita ajuda de amigos "oceânicos" (alô pra Fundação Grupo Boticário, que apoia a Biofábrica), conseguimos visitar o projeto e por a mão na massa preparando 60 novas "mudinhas" de corais de fogo, com direito a queimadurinha básica e um mergulho fascinante nas piscinas naturais. Uma experiência impressionante de ecoturismo e ciência cidadã que recomendamos a todos que quiserem contribuir a um projeto que está salvando nossos recifes de coral. E o melhor: qualquer pessoa pode fazer.

A Biofábrica de corais é um exemplo de como pequenos passos podem mudar nosso futuro, coral por coral, independentemente do impacto que já tivemos no meio-ambiente.

Bora dar o fora no “preconceito curricular”?

Dando o fora em…

3…

Eles dão bolsa pra qualquer um?

Quando estudava na Inglaterra, todas as vezes que voltava de férias para a casa da minha mãe na Alemanha, eu participava das suas aulas de Zumba. Quando eu digo "suas", é porque eram dela mesmo: ela era a professora. Para mim, isso era um máximo. Aos mais de 50 anos, minha mãe tinha mais uma vez conseguido se reinventar, em meio a dificuldades e barreiras. 

As alunas que já me conheciam vinham me cumprimentar e perguntar como estavam as coisas na Inglaterra. Uma vez, uma aluna nova ouviu alguém dizer que eu estudava em Oxford. Percebi que ela ficou confusa. Se aproximando de mim, ela me perguntou: "Como pode, sua mãe ser professora de Zumba e você estudar em Oxford? Quem está te bancando lá?" Sem nem mesmo me dar um segundo para responder, ela continuou: "Ah, já sei, sua mãe tem um homem rico que paga para você estar lá?" 

Tentando não desrespeitar uma aluna da minha mãe, respondi educadamente que eu era bolsista. Ela não se satisfez. "Ah, eles dão bolsa para qualquer um? Então vou falar para meu filho ir estudar lá".  

Naquele momento, eu percebi que ela estava falando muito mais sobre si mesma do que sobre mim ou minha mãe. Não cabia em sua visão de mundo que uma professora de Zumba, brasileira, tivesse uma filha estudando em uma das melhores universidades do mundo. Ela não sabia que, apesar de dificuldades financeiras, minha mãe sempre investiu na minha educação intelectual, emocional e ética. A única explicação plausível era um homem rico bancando nossas contas. Ela pré-julgou não só a situação atual da minha mãe (estrangeira, aposentada, professora de Zumba), mas também o meu futuro.

Depois de refletir e entender que aquilo não era uma afronta mas realmente uma limitação dela, eu respondi: "Sim, com certeza. Seu filho deveria tentar e se precisar de ajuda ou qualquer informação, diga que eu estou disposta a ajudá-lo". O que mais eu poderia dizer? 

Preconceito curricular?

Que jogue a primeira pedra quem nunca teve ou foi vítima de um pré-conceito baseado puramente em currículo, (falta de) experiência profissional, ou quaisquer outras marcas sócio-econômicas! 

Como na história da Thaís, todos já fomos vítimas de algum pré-julgamento sobre a nossa identidade, puramente com base em nosso passado ou situação atual. Como escreve Haemin Sunim, monge budista e autor do best-seller As Coisas que Você Só Vê Quando Desacelera:

Se considerarmos que a identidade de uma pessoa está ligada sobretudo à sua cidade de origem ou à universidade em que se formou, acabaremos olhando apenas para o passado dela, sem prestar atenção às suas habilidades atuais ou à sua visão do futuro.

Haemin Sunim

Numa sociedade onde ainda lutamos todos os dias contra uma hoste de preconceitos e discriminações dos mais primitivos, ainda podemos fazer uma reflexão sobre como julgamos as pessoas, na família, entre os amigos, no trabalho, ou até na rua. 

Como recomenda o Mestre Sunim, próxima vez que conhecer alguém, tente se perguntar: “Estou me esforçando para enxergar o que há por trás do seu currículo ou marcas sociais? Ou reduzo as pessoas ao passado delas, sem conseguir ver suas essências?"

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Identificando habilidades transferíveis para mudar de vida.

Mesmo que o nosso passado não nos defina, nossas experiências podem nos ajudar a enfrentar mudanças tanto na vida pessoal como profissional.

Ao fazer qualquer transição em nossas vidas, nunca começamos do zero (inclusive recém-nascidos). Já temos experiências positivas e negativas, e já desenvolvemos várias habilidades em diferentes contextos. Muitas dessas habilidades são transferíveis, ou seja, "habilidades úteis para (potencialmente) agir de forma eficiente em diferentes situações da vida real". 

Mesmo que ainda não haja um conjunto amplamente aceito de habilidades transferíveis, elas geralmente incluem:

  1. habilidades fundamentais (e.g. numeracia, alfabetização),

  2. habilidades interpessoais (e.g. inteligência emocional, comunicação e liderança), 

  3. habilidades conceituais (e.g. resolução de problemas), 

  4. habilidades relacionadas a negócios (e.g. inovação) ou 

  5. habilidades relacionadas à comunidade (e.g. cidadania).

Qual é o valor das habilidades transferíveis?

De acordo com esse estudo, as habilidades transferíveis aumentam a auto-estima, servem como sinais para futuros empregadores que estão procurando novos funcionários com alto potencial e ajudam a neutralizar alguns "preconceitos curriculares" durante processos de recrutamento, onde ambos o candidato e o empregador estão empenhados em se avaliar mutuamente com parcas informações disponíveis. Um candidato com muitas habilidades transferíveis pode se sobressair apesar da ausência de experiência ou conhecimento específicos.  

Como desenvolver habilidades transferíveis?

Imagine suas habilidades como peças versáteis em um quebra-cabeça que podem se adaptar a diferentes situações. Por exemplo, na escola, aprendemos a solucionar problemas de uma maneira, mas no ambiente de trabalho, a abordagem pode ser completamente diferente. Isso ocorre porque a transferência de conhecimento e habilidades para novos cenários não depende só de você. Depende também de fatores pessoais e do ambiente, como o tipo de trabalho, a cultura da organização e a colaboração em equipe.

O desenvolvimento de habilidades transferíveis não é algo automático. A educação e o treinamento podem fornecer a base, mas é a orientação, o aprendizado prático e o apoio da sua equipe e organização que farão a diferença.

1…

Em busca dos seus valores essenciais.

Para decidir quais habilidades transferíveis você vai precisar utilizar ou demonstrar num período de mudança, é necessário saber em que direção você quer seguir.

De acordo com Brad Stulberg, autor do livro Master of Change, todos nós possuímos valores essenciais, crenças fundamentais e princípios que orientam nossas vidas. Esses valores ajudam a ditar nosso comportamento e nossas ações. 

Durante os períodos de relativa estabilidade, seus valores essenciais funcionam como um painel de controle interno; eles o ajudam a se concentrar nas qualidades que o ajudam a se sentir e a fazer o seu melhor.

Durante os períodos de mudança e incerteza, seus valores essenciais ajudam a orientar seus próximos passos.

Quando sentir que o chão está tremendo sob você, quando não souber qual será o próximo passo, você pode se perguntar:

"Como posso me mover na direção dos meus valores essenciais? Como posso protegê-los?"

Dando o fora:

Vamos identificar seus valores essenciais?

  1. Selecione 3-5 valores que descrevam qual é o seu propósito. Você pode se guiar pela lista que compilamos. Sugerimos definir de três a cinco valores essenciais. 

  2. Defina cada um deles em termos concretos. Crie uma única frase para personalizá-lo e torná-lo concreto.

  3. Em seguida, pense em formas de praticar cada valor fundamental em seu dia a dia. O objetivo é tirar seus valores essenciais da página e torná-los reais, praticando-os dia após dia.

Aqui vai um exemplo:

Valor Essencial: Presença

Definição: Estar totalmente disponível para as pessoas e atividades que mais me interessam.

Aplicações práticas:
- Programar e completar pelo menos 3 blocos de trabalho de concentração profunda em projetos significativos por semana.
- Fazer pelo menos uma refeição por dia em família, sem utilizar o celular à mesa.
- Brincar sem distrações com meu filho no mínimo 30 minutos por dia.

Importante: Apoie-se em seus valores essenciais durante a incerteza. Use-os como compasso para decisões importantes

Ah, e não esqueça de se divertir no processo!

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