Síndrome do impostor.

A história da Thaís; Que tipo de impostor sou eu?; Fingir até conseguir?

Hoje na nossa newsletter: A história da Thaís; Que tipo de impostor sou eu?; Fingir até conseguir?

Nossa semana:

Desembarcamos de férias num Recife quente e úmido. Voltar ao Brasil é sempre ótimo, mas desafiador. Um choque de realidade. Uma dificuldade de se encaixar totalmente mesclada a um sentimento de estar em casa. Uma ponte entre o Brasil e a Europa, entre o adolescente e o adulto: passado, presente e futuro.

Thaís e Vinicius

Bora dar o fora da síndrome do impostor?

Dando o fora em…

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Síndrome da Impostora: A história da Thaís.

Essa semana terminamos de assistir à última temporada da série Sex Education. Uma série sensível, honesta e vulnerável. De todas as cenas que me fizeram chorar (e foram muitas), uma realmente me tocou.

Ouvindo Maeve falar sobre como não se sentia no lugar certo em uma universidade top dos EUA, lembrei do meu primeiro dia de aula em Oxford. O professor entrou na sala e foi direto escrevendo um monte de fórmulas no quadro: “Isso não preciso explicar," murmurou, "se alguém não conhece essas fórmulas não deveria estar aqui.” Além de não conhecer as fórmulas, eu não entendia nada do que ele falava (descobri depois que o problema era seu sotaque australiano). Comecei a hiperventilar. Eu não era como os outros, não falava bem inglês, não vinha de uma faculdade conceituada e não sabia nem a primeira (imagina a terceira!) fórmula da termodinâmica. Saí correndo e liguei para minha mãe: “Como você me deixou vir para cá? Como você achou que eu poderia dar conta?“, perguntei chorando. “Thaís, você sempre diz que não vai conseguir, mas no final você dá um jeito”.

Racionalmente, eu sabia que ela tinha razão. Afinal, eu tinha conseguido chegar até ali. Mas como? Meu sentimento era de que em algum momento iriam descobrir que haviam cometido um erro e me pedir para sair.

Foi no time de handebol (um esporte que sempre me acolheu) que me senti em casa. Quando comecei a fazer amigos, pessoas com quem pudesse me abrir, descobri que não estava só. O problema de um ambiente como Oxford é que ninguém mostra suas inseguranças. Parece que precisamos em cada momento provar que merecemos estar naquele lugar.

Aos poucos fui encontrando meu lugar. Meu inglês melhorou. As crises de ansiedade também. Aprendi termodinâmica e não só consegui terminar meu mestrado, como também ganhei uma bolsa de doutorado. Aproveitei minha estadia em Oxford não pelos motivos que tinham me atraído para lá (acadêmicos), mas pela possibilidade que tive de me encontrar. Ao me aceitar como parte daquela comunidade, liberei minha energia para fazer minha maior contribuição, ajudando a financiar a vinda de estudantes refugiados e exilados a Oxford. Mas isso fica para outra newsletter.

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Que tipo de impostor sou eu?

Dra. Valerie Young, especialista no assunto, identificou cinco tipos de síndrome do impostor e dicas de como lidar :

1. O Perfeccionista: Os perfeccionistas frequentemente estabelecem padrões excepcionalmente altos para si mesmos e, quando não conseguem atingir uma meta, sentem grande insegurança, sempre acreditando que poderiam ter feito ainda melhor.

Aprenda a aceitar seus erros com naturalidade e tente agir antes de se sentir pronto. Foi assim que decidimos lançar o Dando o Fora, percebendo que nunca estaríamos totalmente prontos. Ao aceitar que nunca haverá um "momento perfeito", ou que seu trabalho nunca será 100% perfeito, mais energia você terá para investir em fazer o melhor possível.

2. A Super-Mulher ou Super-Homem: Pessoas convencidas de que são fraudes em meio a colegas de verdade. Se vêm obrigadas a trabalhar excessivamente para poder se sentir bem sucedidas e bem vistas pelas outras pessoas. Podem estar viciadas na validação que vem do trabalho, não no trabalho em si.

Reconheça que a produtividade e a autoestima não estão intrinsecamente ligadas e tente se desligar da validação externa. Defina expectativas realistas para si mesmo e reserve tempo para cuidar de si mesmo. Fazer pausas pode levar a um melhor desempenho e bem-estar geral.

3. O Gênio Natural: Os gênios naturais acreditam que seu valor se baseia exclusivamente em seus talentos inatos. Dessa forma julgam sua competência com base na facilidade e na velocidade, em vez de seus esforços.

Tente ver a si mesmo como um trabalho em andamento. Em vez de ficar se martirizando quando não atinge seus padrões impossivelmente altos, identifique comportamentos específicos e mutáveis que possam ser melhorados com o tempo.

4. O Solitário: Os solitários preferem trabalhar de forma independente e evitam pedir ajuda ou apoio de outros. Sentem que buscar assistência é um sinal de fraqueza.

Perceba que não há vergonha em pedir ajuda quando você precisa. Você pode começar a criar uma rede de apoio, aprender a delegar, praticar a autocompaixão e começar a comemorar o sucesso.

5. O Especialista: Indivíduos deste tipo sentem que precisam saber tudo sobre sua área e têm medo de serem expostos como carentes de conhecimento ou experiência.

Ser vulnerável e compartilhar as dificuldades e os contratempos com amigos ou familiares de confiança pode ajudá-lo a se sentir compreendido. Escrever em um diário pode ajudá-lo a reconhecer e apreciar seu progresso, aumentando a autoconfiança e a autoestima.

É importante lembrar que a síndrome do impostor pode se manifestar de maneira diferente em cada pessoa. Reconhecer que tipo (ou tipos) de síndrome do impostor se aplica melhor ao seu contexto e à sua personalidade pode ser o primeiro passo para lidar com e superar sentimentos de autodúvida.

Lembre-se: ajuda profissional é sempre útil e, às vezes, indispensável.

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Fingir até conseguir?

Isso é o que psicóloga social, escritora e professora da Harvard Business School, Amy Cuddy, explora em seu famoso TedTalk. Amy explica como nossa comunicação não-verbal governa não só o que outras pessoas pensam sobre nós, mas também nossa auto-estima.

Numa série de experimentos, Amy e seus colegas demonstraram que fazer poses de poder (e.g. mulher maravilha) por alguns minutos eleva o testosterona (hormônio da liderança) e diminui o cortisol (hormônio do estresse) de forma significativa, indicando que o corpo pode sim mudar a nossa mente.

Nossos corpos mudam nossas mentes e nossas mentes podem mudar nosso comportamento e nosso comportamento pode mudar nosso destino.

Amy Cuddy

Em seu livro O Poder da Presença, Amy argumenta que o oposto de se sentir sem poder - a base da síndrome do impostor - não é ter poder, mas sim demonstrar presença. Ela define presença como a capacidade de se sentir bem na sua pele, de habitar seu corpo e acreditar na integridade dos seus valores. Essa capacidade ajuda a desenvolver a confiança, coragem e resiliência que precisamos para encarar os momentos desafiantes da vida.

Dando o fora:

Dando o fora na síndrome do impostor: dois minutos para mudar a nossa vida.

Em um momento vulnerável de sua TedTalk, Amy conta a história de uma aluna que não participava das aulas em Harvard porque sentia que não deveria estar ali. Lembrando de sua própria história, Amy se enxergou na aluna e disse: “Sim você deveria. Você deveria estar aqui! E amanhã você vai fingir, você vai se fazer poderosa, e você vai entrar na classe e fazer o melhor comentário que já se ouviu." E ela fez. Amy então conclui: “Por isso, não finja até conseguir. Finja até se tornar quem você quer ser.”

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