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Dando o Fora na Mentalidade de Escassez
Nossas desculpas e um modelo novo pra newsletter; Escassez no banheiro; Nem tudo é soma zero; A verdadeira abundância; 3 dicas práticas para dar o fora na mentalidade de escassez.

Hoje no Dando o Fora: Nossas desculpas e um modelo novo pra newsletter; Escassez no banheiro; Nem tudo é soma zero; A verdadeira abundância; 3 dicas práticas para dar o fora na mentalidade de escassez.

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Queridos amigos, queremos nos desculpar com vocês. Como vocês têm percebido, nossas newsletters estão menos organizadas do que de costume. Quando começamos esse projeto, tínhamos um compromisso de publicar uma nova newsletter toda segunda-feira; e por muitos meses, seguimos nosso compromisso à risca. Mas agora chegamos num momento-chave de um longo processo de mudança e, como em todo processo de mudança, este momento vem cheio de desordem. Desordem emocional, física, logística, tudo junto e misturado.
Continuamos muito dedicados a esta comunidade Dando O Fora e nos cobramos muito quando não conseguimos manter nossa palavra. Porém, lá atrás também prometemos uma outra coisa a vocês. Prometemos que seríamos sempre honestos. E ao lembrarmos desta segunda promessa, achamos que tentar escrever a todo custo, passando madrugadas ou nosso fim de semana escrevendo, não se alinha com o tipo de conteúdo (e vivência) honestos e vulneráveis que procuramos trazer para vocês.
Por esses motivos, estamos tentando achar um estilo de newsletter mais flexível que nos permita voltar a nossa regularidade sem correr o risco de nos sobrecarregarmos. Nas próximas edições da newsletter, vamos testar um novo modelo, trazendo uma reflexão pessoal, duas referências para um livro, artigo ou pesquisa, e uma citação sobre o assunto. Para terminar, três dicas práticas baseadas na nossa pesquisa.
Para inaugurar o novo estilo da newsletter, bora dar o fora na mentalidade de escassez?
Dando o fora em…
3…
Escassez no banheiro
Quando começamos a ver a vida como fonte de aprendizados contínuos, eles acontecem nos lugares mais inesperados. Foi assim em um domingo de manhã:
Amor, pega um rolo de papel higiênico para o nosso banheiro?
Dois minutos depois:
Hmmm, amor, acho que acabou.
Como assim? Sempre temos nosso pequeno estoque de papel higiênico. Naquele momento, dividi o papel que tinha na mão, e o tratei com a maior delicadeza. Encontramos uma última metade de um rolo de papel no banheiro do Arthur, e avisamos a todos da casa que precisávamos economizá-lo bem para que durasse até o dia seguinte. Por outro lado, me perguntei se isso era mesmo um problema. Como nossos bisavós e tataravós sobreviviam sem papel? Certamente isso era possível. Comecei a pensar o quão bizarro tinha sido quando na pandemia a primeira coisa que faltou nas prateleiras foi exatamente papel higiênico. Estamos mais preocupados com o que sai do nosso corpo do que o que entra. Será que esse produto tão banal e bizarro não é um bom exemplo de como estamos vivendo nossas vidas? Vivemos fixados numa mentalidade de escassez que não é fruto de necessidades básicas, mas sim de percepções distorcidas por um padrão de vida confortável e uma sociedade que atribui valor a coisas que talvez não tenham um valor intrínseco.
Na segunda-feira, com o estoque novamente repleto, peguei o novo rolo de papel higiênico e percebi o quão rápido aquele mesmo objeto tinha perdido o valor tão especial que tínhamos atribuído a ele no dia anterior. Nada tinha mudado: o mesmo papel higiênico, a mesma marca, o mesmo banheiro. Só mudou o valor que nós atribuímos. Saí do banheiro me perguntando em quais outras situações eu estava sendo levada por uma mentalidade de escassez e como poderia rever minha perspectiva.
2…
Nem tudo é soma zero
A escassez é um problema muito real para aqueles que não têm acesso às formas básicas de sustento e segurança. De fato, em um experimento de 2017, pesquisadores descobriram que a angústia por não ter dinheiro ou recursos suficientes para sobreviver tinha um efeito negativo sobre o estado mental das pessoas, já que uma hiperfixação ou a preocupação de alguém com o que lhe falta pode levar a níveis mais altos de stress e má tomada de decisão. O problema é que mesmo quando atingimos uma situação sócio-econômica mais estável e confortável, permanecemos condicionados a desejar mais. Estamos convencidos de que o que temos não é suficiente.
A mentalidade de escassez leva inevitavelmente a uma segunda conclusão: se sempre precisamos de mais, o mundo não pode ter recursos suficientes para todos, então todo ser humano vive num eterno e intrínseco jogo de competição soma zero, onde tudo o que vai para você me é negado, e vice-versa. Quando acreditamos que uma situação seja de soma zero, é mais provável que ajamos de forma competitiva (ou menos cooperativa) em relação aos outros, porque vemos os outros como uma concorrência ameaçadora à nossa busca incansável pelo "suficiente". Ao adotarmos um pensamento de soma zero, vemos até nós mesmos como uma ameaça, caso não sejamos bons o suficiente para derrotar uma concorrência que nunca dorme.
Esse fim de semana, estávamos com bons amigos, caminhando por lindos jardins, nossos filhos brincando de pega-pega e se divertindo com bolhas de sabão. Um pôr do sol maravilhoso e o suave som de música clássica compunham o pano de fundo. Um lindo show de fogos de artifício fechou a noite com chave de ouro. Lógico que estar num lugar mágico como esse é um privilégio. Porém, cada uma dessas coisas por si só - bolhas de sabão, uma noite na presença de bons amigos, crianças correndo soltas pelo jardim, uma boa música, parar para presenciar um lindo pôr de sol - não é limitada. Nossas experiências do mundo não são, em sua maioria, do tipo soma zero, em que uma fatia maior da torta para uma pessoa significa uma fatia menor (ou talvez nenhuma fatia) para outra.
De acordo com o psiquiatra e escritor Phil Stutz, esse medo da soma zero vem da ilusão de que exista algo fora de nós que vai garantir nosso futuro (ou o dos nossos filhos). Essa ilusão é perigosíssima, já que ela assume uma grande força que nos leva a competir: pelos espaços na creche, nas melhores escolas, nas universidades, no mercado de trabalho, etc. Ao adotar a crença da escassez e da soma zero, acabamos nos esquecendo de algo simples. Podemos colocar mais água no feijão. Podemos aumentar a torta, estender a toalha na grama e admirar juntos o pôr do sol.
DandoOFora.com
Isso é o que acho mais magnético nos doadores (givers) bem-sucedidos: eles chegam ao topo sem cortar os outros, encontrando maneiras de expandir o bolo que beneficiam a si mesmos e às pessoas ao seu redor. Enquanto o sucesso é soma zero em um grupo de tomadores (takers), em grupos de doadores… o todo é maior do que a soma das partes.
1…
A verdadeira abundância.
Não é o que temos, mas o que desfrutamos que constitui nossa abundância.
Dando o fora:
É claro que é mais fácil falar do que fazer para sair da mentalidade de escassez. Toda vez que pensamos ou agimos através do nosso medo de faltar, estamos reforçando um sistema de crença baseado no medo, falta e deficiência. Embora não seja possível mudar nossa maneira de pensar da noite para o dia, podemos ser pacientes, dando pequenos passos rumo à autosuficiência (trocadilho do Vini):
Pratique a mentalidade de aceitação. Ao invés de rejeitar o sentimento ou pensamento, diga a si mesmo o seguinte: Eu me sinto assim e isso é válido. Mas isso não precisa me preocupar totalmente.
Seja intencional com sua gratidão. Como já falamos aqui no Dando O Fora, pensar sobre os elementos e pessoas da nossa vida aos quais somos gratos nos ajuda a quebrar ciclos de negatividade tóxica. Praticar atos de generosidade e de voluntariado pode ajudar a lembrar que muitas vezes a ideia de falta, escassez e deficiência é relativa ou simplesmente falsa.
Cuidado com seu meio. Se você perceber que algumas das pessoas mais próximas a você estão constantemente lembrando-o do que você não tem ou do que lhe falta, isso só vai aprofundar sua mentalidade de escassez. Acabar com a mentalidade de escassez talvez signifique estabelecer limites com as pessoas em sua vida ou encontrar novos grupos que ajudem a fortalecer seus pensamentos positivos. Lembre-se: você é suficiente, sempre!
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