Dando o fora na Resistência (criativa)

O Dando o Fora está de volta; Resistência: Definindo o inimigo; Combatendo a Resistência; Além da Resistência: O Reino Superior; 5 dicas para dar o fora na Resistência criativa.

Hoje no Dando o Fora: Estamos de volta!; Resistência: Definindo o inimigo; Combatendo a Resistência; Além da Resistência: O Reino Superior; 5 dicas para dar o fora na Resistência criativa.

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Estamos de volta! Após quase quatro meses de ausência, estamos oficialmente aqui novamente. Primeiro, pedimos desculpas pelo sumiço, que, embora justificado por grandes mudanças, não passa de uma desculpa — assim como aquelas que contamos a nós mesmos quando falhamos em manter hábitos, como quando comemos “só mais um docinho”, quando adiamos o alarme de acordar por mais cinco minutinhos (e mais cinco, e mais cinco).

Nosso pedido de desculpas não vem com nenhum mas…ele vem puro, com o rabinho entre as pernas, e com alguns aprendizados.

Depois de tanto tempo sem escrever, eu (Thaís) não conseguia mais resistir à vontade de conversar com vocês. Buscava o tópico certo, a hora ideal, esperando que tudo se alinhasse. Porém, como Phil Stutz diz, “nada de novo pode ser trazido ao mundo num estado de certeza absoluta. A criação exige que você vá para o desconhecido”.

Como uma coceira no braço engessado, não escrever a newsletter começou a me incomodar. E o incômodo se tornou uma bússola, indicando que eu precisava sentar e deixar as palavras fluírem. O impulso final veio de um livro que comprei por acaso. Em A Guerra da Arte, Steven Pressfield fala sobre a Resistência, a força que nos impede de fazer o que sabemos que devemos. Mesmo um autor renomado como ele enfrenta essa luta diariamente.

Recomeçar não é fácil, mas é necessário para descobrir onde nossos pensamentos podem nos levar. O “não escrever” se revelou mais doloroso do que eu imaginava.

Vamos juntos enfrentar a Resistência que nos impede de avançar em nossos projetos mais importantes?

Dando o fora em…

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Resistência: Definindo o inimigo

A Resistência é alimentada pelo medo e se manifesta de várias formas, como procrastinação, dúvida e perfeccionismo. Segundo Steven Pressfield, seu objetivo é nos afastar e nos distrair, impedindo que façamos nosso trabalho. Assim, a “Resistência” pode ser vista como uma força invisível que nos separa da pessoa que desejamos nos tornar.

Ao ler o livro, refleti sobre todas as tarefas que poderia estar realizando e como identificar o que realmente importava para mim. Uma abordagem que aprendi com Tim Ferriss é listar de 3 a 5 tarefas que geram ansiedade ou desconforto. Em geral, são coisas que foram transferidas da lista de tarefas de um dia para o outro, consecutivamente por vários dias... Para encontrar suas tarefas mais importantes, muitas vezes você pode simplesmente procurar as mais desconfortáveis. Aquelas tarefas onde você se sujeita ao risco de entrar em conflito com outros ou de sofrer uma rejeição. Bingo! 

Carl Jung nos lembra que “a tarefa está onde está o medo”. Para mim, a escrita se tornou a tarefa mais ansiogênica, e a cada dia que a adiava, o medo da folha em branco crescia, assim como a Resistência, o que me impedia de escrever -  um verdadeiro ciclo vicioso.

Entretanto, acredito que apenas a ansiedade ou o desconforto não são suficientes para vencer a Resistência. Precisamos nos reconectar com nossa visão e intenção iniciais, lembrando o porquê de cada projeto. O medo pode ser uma bússola que indica a tarefa a ser feita, mas é o amor pelo projeto que realmente nos ajuda a romper o ciclo negativo. Se sentimos ansiedade sobre algo, é porque nos importamos com essa tarefa e reconhecemos sua importância. Como Pressfield disse, “se você não amasse o projeto que o está aterrorizando, não sentiria nada. O oposto do amor não é o ódio; é a indiferença.”

“Quem você é” | “Quem você quer se tornar”. Fonte: @Muthusblog

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Combatendo a Resistência

Por que é tão desafiador enfrentar a resistência? Aquela força que parece surgir do nada e tenta me impedir de digitar essas palavras? Segundo Pressfield e escritores como Stephen King e Margaret Atwood, a única forma de vencer a resistência é agindo todos os dias, trabalhando de maneira sistemática e se comprometendo a longo prazo, mesmo diante do medo. É preciso estar presente diariamente, criar uma rotina e se abrir para o processo criativo, abraçando as inspirações que surgem ao longo do caminho. Para Pressfield, isso é o que define um verdadeiro profissional: alguém que se dedica e se compromete com seu projeto, seja escrever, fundar uma empresa ou manter uma newsletter 🙂

Como já falamos em newsletters anteriores, precisamos parar de esperar a motivação aparecer para começarmos a desenvolver os hábitos que queremos formar. Pensar no trabalho, falar do trabalho, sonhar com o trabalho, não é fazer o trabalho. Somente fazer o trabalho é fazer o trabalho. 

Margaret Atwood, uma das minhas escritoras favoritas, investigou o que leva as pessoas a escrever. Quando perguntou sobre as emoções que sentiam ao escrever um livro, muitos descreveram a experiência como caminhar num quarto escuro, sem saber onde isso levaria. Para iluminar esse espaço, é preciso entrar e começar a revelar o que está ali.

A Guerra da Arte de Pressfield me fez lembrar muito das ferramentas de Phil Stutz, apresentadas no documentário Stutz da Netflix, onde o psicólogo compara cada ação a uma pérola sendo adicionada a um colar infinito. Todas as ações têm o mesmo valor e nos preparam para a próxima. O segredo está em não esperar pela motivação ou pela "pérola perfeita": primeiro vem a ação, e depois a motivação. Cada ação conta, pois nos ajuda a entender mais sobre quem somos.

Mas por que procrastinamos? A procrastinação está ligada às emoções que associamos ao ato de fazer ou não fazer algo, como o medo de falhar ou até mesmo o medo do sucesso. Essa luta é parte da experiência humana. Como disse Marco Aurélio: “Você poderia ser bom hoje, mas escolhe o amanhã.” Ao procrastinar, não estamos apenas adiando o dia; muitas vezes, adiamos nossas vidas.

Steven Pressfield nos lembra: “A maioria de nós tem duas vidas: a vida que vivemos e a vida não vivida dentro de nós. Entre as duas está a Resistência.” A pergunta é: como podemos cruzar esta lacuna hoje?

DandoOFora.com

O guerreiro e o artista vivem pela mesma regra de necessidade, que dita que a batalha deve ser lutada novamente a cada dia.

Steven Pressfield, A Guerra da Arte

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Além da Resistência: O Reino Superior

No livro de Pressfield, a criatividade é vista como uma forma de servir a algo maior, não apenas uma busca pessoal. Inspirado por Jung, ele distingue o verdadeiro Self, fonte da criatividade autêntica, do ego, que é movido pela vaidade e nos impede de crescer. A verdadeira arte surge quando quando acessamos o Self — aquela parte conectada de nós que busca algo mais significativo.

Assim como um foguete precisa de muita energia para escapar da gravidade, precisamos superar as forças internas do ego que nos afastam do nosso potencial. É nesse momento que acessamos o campo de consciência mais elevado - o reino superior - percebendo que fazemos parte de algo maior e conectado.

A única maneira de acessar o Self é pela ação diária. Parafraseando Pressfield, agir é essencial, pois não fazê-lo é desonrar os dons que recebemos. Assim, o trabalho criativo não é um ato egoísta ou uma busca por atenção, mas sim seu presente para o mundo.

Para Stutz (que também se baseia em Jung), a sabedoria é fruto da força vital, amplificada pela inteligência da vontade (tradução livre de intelligence of the will), e não da razão. Essa força, que nos preenche de uma sabedoria proveniente de conhecimentos e experiências coletivas da humanidade, é o que nos guia para descobrir nosso novo caminho. 

Com isso, conseguimos re-definir o que entendemos por sucesso em qualquer projeto. Se o objetivo é aprender pela experiência, então não há objetivo errado. Qualquer objetivo é temporário e serve somente para nos manter em movimento. Como as informações necessárias vêm da ação, adquirimos a inteligência necessária para definir nossos próximos passos.

Cada ação conta. Para concluir com Pressfield: “não nos prive de sua contribuição única. Nos dê o que você tem a oferecer.”

Fonte: The Curious Reader

Dando o fora:

Quando estava na Alemanha, minha avó saia todo o dia ao jardim para arrancar as ervas daninhas. Eu nunca entendi porque ela precisava fazer aquilo todo santo dia. Hoje, eu entendo. Elas podem crescer rapidamente e tentar sufocar suas plantas, mas você não pode simplesmente removê-las uma vez e esperar que não voltem. Todos os dias, você precisa cuidar do seu jardim, removendo as ervas daninhas para que as plantas possam prosperar.

A resistência é como essas ervas daninhas. Ela pode surgir a qualquer momento e tentar desviar você do seu caminho. Cada vez que você se dedica a cuidar do seu jardim (ação), está reforçando seu compromisso com seu projeto, e permitindo que suas aspirações cresçam e floresçam, mesmo que a Resistência tente invadir seu espaço.Ao lutar suas batalhas diárias contra a Resistência, lembre-se:

Reconheça a Resistência: Entenda que a Resistência é inevitável e implacável; não é algo pessoal, mas sim uma parte natural do processo criativo (e de qualquer projeto de vida).

Seja dinâmico: Acredite na ação e no poder da rotina. As informações e insights que você precisa vêm da ação, não apenas do pensamento. Mova-se e aja (se puder, um pouco cada dia).

Observe a Resistência: Esteja ciente da Resistência no seu dia a dia. Ao perceber sua presença, você cria um espaço entre você e a Resistência, permitindo uma resposta mais consciente.

Experimente a Resistência: Preste atenção nas sensações físicas que a Resistência provoca em seu corpo. Familiarize-se com essas sensações e os pensamentos que as acompanham, assim você pode reconhecê-los e não deixar que desviem sua intenção.

Nunca duas vezes: Se você não conseguir manter o hábito que está tentando cultivar (como ir à academia ou escrever) hoje, siga o conselho de James Clear: "nunca duas vezes". Um erro é apenas uma exceção. Dois erros consecutivos indicam o início de um padrão. Combater esse padrão antes que ele se transforme em algo maior é uma das razões pelas quais aprender a retomar o foco rapidamente é uma habilidade essencial para construir bons hábitos.

E acima de tudo, lembre-se que todo objetivo é temporário. O que importa é o que você está descobrindo sobre você no processo.

É bom estar de volta!

PS:

Falando tanto de força me lembrou dessa música linda com a voz incrível de Caetano.

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